SELEÇÃO DE DECISÕES

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Processo:
0041067-89.2021.8.16.0000
(Acórdão)
Segredo de Justiça: Não
Relator(a): Marcelo Gobbo Dalla Dea
Desembargador
Órgão Julgador: 18ª Câmara Cível
Comarca: Londrina
Data do Julgamento: Wed Oct 13 00:00:00 BRT 2021
Fonte/Data da Publicação:  Wed Oct 13 00:00:00 BRT 2021

Ementa

aGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE DESPEJO C/C COBRANÇA. liminar de despejo indeferida. requisitos do artigo 59, §1º da lei 8.245/91 atendidos. CONTRATO GARANTIDO POR CAUÇÃO. VALOR INADIMPLIDO DOS ALUGUERES QUE ULTRAPASSA A QUANTIA CAUCIONADA. HIPÓTESE DE EXTINÇÃO DA GARANTIA. IMÓVEL LOCADO OFERTADO COMO GARANTIA PELO LOCADOR. POSSIBILIDADE. PRECEDENTES. PANDEMIA DA COVID 19. INAPLICABILIDADE DO ARTIGO 9º DA LEI 14.010/20. ADPF Nº 828 QUE DETERMINOU A SUSPENSÃO, PELO PRAZO DE 6 MESES, DA ORDEM DE DESPEJO QUANDO SE TRATAR DE LOCATÁRIOS VULNERÁVEIS DE IMÓVEIS RESIDENCIAIS. INAPLICABILIDADE NO CASO CONCRETO. AUSÊNCIA DE FATOS IMPEDITIVOS À CONCESSÃO DA LIMINAR. RECURSO PROVIDO.1. De acordo com a disposição expressa do art. 59, § 1º, IX, da Lei do Inquilinato, a concessão de liminar de desocupação fundada na inadimplência do locatário depende da (i) prestação de caução no valor equivalente a três meses de aluguel e (ii) que o contrato seja desprovido de garantia, seja porque não foi contratada ou porque houve extinção ou pedido de exoneração desta. 2. No caso dos autos, restou demonstrado o inadimplemento contratual, conforme notificação do condomínio de mov. 1.3 e e-mail encaminhado ao locatário de mov. 1.6.3. Com relação a existência de garantia, vê-se que o contrato estipulou, na cláusula 17ª, caução em dinheiro, no valor de R$ 2.700,00. Entretanto, o valor da dívida apontada na inicial (R$ 5.125,97) supera em muito o valor da caução prestada. Assim se o débito locatício supera o valor caucionado, tal situação implica no exaurimento da garantia, a qual reputa-se já extinta.4. No que concerne ao requisito da prestação de caução, é viável o aceite da oferta do próprio bem objeto da relação locatícia como garantia para fins de deferir a pretensão liminar de despejo, em substituição à caução do correspondente a três alugueres.5. Com relação à vedação do despejo pela crise de ordem sanitária e econômico-financeira, causada pela pandemia da COVID-19, tem-se que a lei 14.010/20, em seu artigo 9, previu a impossibilidade de concessão da liminar de despejo de imóvel urbano que se refere o art. 59, § 1º, incisos I, II, V, VII, VIII e IX, da Lei nº 8.245 até 30 de outubro de 2020. Contudo, além de se vislumbrar o transcurso do prazo indicado no artigo supracitado, tem-se que o contrato de locação trazido no mov. 1.2 foi firmado em 10.01.2021, conforme cláusula aditiva de retificação, com prazo de 36 meses, e término previsto para 22.12.2023. Assim, tanto o contrato quanto o inadimplemento são posteriores à data estipulada pela lei.6. Por fim, tampouco se aplica ao caso a decisão cautelar proferida pelo Ministro Luís Roberto Barroso na ADPF n. 828, em que se determinou a suspensão pelo prazo de 06 (seis) meses, a contar da publicação da referida decisão (junho de 2021), de ordens de despejo lastreadas no art. 59, §1º, da lei de locações, quando se tratar de locatários vulneráveis de imóveis residenciais, o que não restou demonstrado no caso em tela.